
Daqui a alguns dias (11 de Fevereiro), a sociedade portuguesa será uma vez mais chamada para se posicionar relativamente à Interrupção Voluntária da Gravidez.
No passado, as mentes mais tradicionalistas e talvez uma demissão em relação à condução da nossa vida social, associada a uma preponderância da representação religiosa, levou-nos a dizer não à despenalização do aborto. Entretanto, muitas mulheres e jovens realizaram IVGs (18.000 no ano anterior).
Sem querer desresponsabilizar a pessoa que toma tal decisão, é óbvio que não se pretende estimular o aborto como prática de planeamento familiar. Pelo contrário, uma legislação que enquadre e permita o acompanhamento mais próximo das pessoas, pode favorecer práticas seguras de planeamento familiar. Será que alguém que receia pela descoberta da sua condição actual ou passada, encontra força e motivação para procurar ajuda num sistema de saúde que pode condená-la? Tal impedimento pode levar, inclusivamente, à replicação do comportamento.
As associações não governamentais, nomeadamente a Associação para o Planeamento da Família (APF), fazem um trabalho excelente na área da divulgação e aconselhamento; quem conhece bem esta área, sabe que é preciso muito mais que informar, é preciso formar, formar para a tomada de decisão.
Dizer sim à despenalização não é defender a morte assistida, mas sim enquadrar situações já existentes, permitir o seguimento adequado e evitar o abandono, os maus tratos e outros tipos de negligência às quais muitas crianças são sujeitas.
Mais ainda, se a mulher que tenciona abortar for recebida num clima de neutralidade e escutada nas suas angústias, poderá até encontrar motivação para tomar outra decisão, eventualmente até, dar seguimento à gravidez, afinal desejada. O companheiro poderá e deverá também ser implicado neste processo, são precisos 2…
Caso contrário, o clima de suspeição e o afastamento das mulheres do sistema de saúde, continuará a estimular o aborto ilegal, que favorece o enriquecimento de algumas classes, bem como as más condições sanitárias em que muitas vezes este acaba por suceder.
Neste espaço de reflexão, pretendo agitar consciências e promover a troca de opiniões de diferentes perspectivas. Desta vez não podemos ignorar e fingir que não vemos.
Amigos, conto com os vossos comentários :)
Thanks Pedro Almeida pela inspiração
http://margaritenhos.blogspot.com/2006/12/interrupo-voluntria-da-gravidez.html