Monday, January 08, 2007

Liberdade de Escolha nas Próprias Mãos - IVG

Daqui a alguns dias (11 de Fevereiro), a sociedade portuguesa será uma vez mais chamada para se posicionar relativamente à Interrupção Voluntária da Gravidez. No passado, as mentes mais tradicionalistas e talvez uma demissão em relação à condução da nossa vida social, associada a uma preponderância da representação religiosa, levou-nos a dizer não à despenalização do aborto. Entretanto, muitas mulheres e jovens realizaram IVGs (18.000 no ano anterior). Sem querer desresponsabilizar a pessoa que toma tal decisão, é óbvio que não se pretende estimular o aborto como prática de planeamento familiar. Pelo contrário, uma legislação que enquadre e permita o acompanhamento mais próximo das pessoas, pode favorecer práticas seguras de planeamento familiar. Será que alguém que receia pela descoberta da sua condição actual ou passada, encontra força e motivação para procurar ajuda num sistema de saúde que pode condená-la? Tal impedimento pode levar, inclusivamente, à replicação do comportamento. As associações não governamentais, nomeadamente a Associação para o Planeamento da Família (APF), fazem um trabalho excelente na área da divulgação e aconselhamento; quem conhece bem esta área, sabe que é preciso muito mais que informar, é preciso formar, formar para a tomada de decisão. Dizer sim à despenalização não é defender a morte assistida, mas sim enquadrar situações já existentes, permitir o seguimento adequado e evitar o abandono, os maus tratos e outros tipos de negligência às quais muitas crianças são sujeitas. Mais ainda, se a mulher que tenciona abortar for recebida num clima de neutralidade e escutada nas suas angústias, poderá até encontrar motivação para tomar outra decisão, eventualmente até, dar seguimento à gravidez, afinal desejada. O companheiro poderá e deverá também ser implicado neste processo, são precisos 2… Caso contrário, o clima de suspeição e o afastamento das mulheres do sistema de saúde, continuará a estimular o aborto ilegal, que favorece o enriquecimento de algumas classes, bem como as más condições sanitárias em que muitas vezes este acaba por suceder. Neste espaço de reflexão, pretendo agitar consciências e promover a troca de opiniões de diferentes perspectivas. Desta vez não podemos ignorar e fingir que não vemos. Amigos, conto com os vossos comentários :) Thanks Pedro Almeida pela inspiração http://margaritenhos.blogspot.com/2006/12/interrupo-voluntria-da-gravidez.html

6 Comments:

At Tuesday, January 09, 2007 , Blogger Em busca da Verdade said...

Pois é...parece que me tirou palavras cá de dentro!!
Também partilho da sua opinião, mas vou mais longe nas críticas: Estou a ficar farta de hipócritas que dizem ser em prol da vida, como se não fossemos todos...ser a favor da despenalização do aborto e da sua prática legal, só poderá contribuir para que haja cada vez menos abortos.
Acho que se deve "atacar" na prevenção e concretamente nas escolas, desde muito cedo...educação sexual...deve começar em casa e continuar na escola...mas há muito trabalho a fazer com os professores.
Só assim o respeito pela vida poderá prevalecer.
É urgente que haja o respeito pelo outro e saber como prevenir adequadamente uma gravidez não desejada, prevenindo assim os abortos e o colocar no mundo crianças não desejadas e frequantemente maltratadas ou abandonadas.
Espero que desta vez vença o bom senso e não a hipócrisia, pois acho que ninguém é a favor do aborto.

 
At Tuesday, January 09, 2007 , Blogger zkpinto said...

Ora aqui está um tema que vai mexer,e muito com o país.Eu acho que todas as pessoas querem,desejam,o SIM.Infelizmente não têm coragem de assumir isso.Aliás,na minha opinião,este problema nem sequer devia de ir a referendo...mas enfim,até nisso somos um país de brandos custumes...Embora na minha opinião,o problema da IVG,poderia e deveria ser atenuado se houvesse mais prevenção,e não só.Também não é menos verdade,que hoje em dia,só engravida quem quer...Há muitas formas de prevenir uma gravidez indesejada.Mas é um tema controverso,que já deveria estar resolvido há muito...E depois temos a opinião da igreja,que tem sempre algum peso neste assunto.E mesmo que ganhe o NÃO,o problema continuará,e daremos mais uma péssima imagem de oportunidades perdidas,e nestes últimos tempos têm sido muitas...

 
At Thursday, January 11, 2007 , Blogger Gonçalo said...

Peço desculpa por não efectuar um comentário bem estruturado relativamente a este tema neste momento, há uns dias que perspectivo emitir uma reflexão acerca do Aborto no meu blog, no entanto preciso ainda de algum tempo de reflexão.
No entanto, a minha posição não se deve alterar, e discordando de algumas posições emitidas aqui, respeito-as como gostaria que respeitassem a minha posição.
Cumprimentos a todos e até breve:)

 
At Friday, January 12, 2007 , Anonymous Anonymous said...

Amigos:
Este post tem como propósito desencadear a troca de ideias sobre uma opção que faremos daqui a um mês. Apesar do "reflexões-inconscientes" seguir uma certa orientação, sem qualquer fundamentalismo, são respeitadas outras perspectivas, as usual ;)

 
At Sunday, January 14, 2007 , Blogger Madrid said...

Ha muitas formas de abordar esta questao, e em todas creio que o sim prevalece uma questao que para mim e primordial: o direito de decidir sobre algo que diz apenas respeito a cada um, e nao a sociedade como um todo. A questao aqui deriva depois para a vida humana: ao fazer um aborto estamos a matar uma vida humana? Sinceramente, acho que nao e uma coisa que se deva levar ao de leve, como e claro. Mas o direito a vida, para mim e sempre daqueles que estao ca fora, ou daqueles que ja desenvolveram a maior parte das capacidades que caracterizam um ser humano. E um embriao ate as 10 semanas, ao que sei, nao tem nada de distintivo de ser humano.
Sou a favor. Vida e a esperanca de felicidade. E nao sao leis impeditivas de liberdade, que impedem so por si a abordagem psicologica a qualquer problema - porque nestas circunstancias, qualquer palavra que um tecnico de apoio diga e sempre tendenciosa, porque o aborto nao e possivel; uma liberdade para a pessoa a este nivel possibilitaria ao tecnico de saude centrar-se imparcialmente na saude e bem-estar da pessoa que esta a sua frente, e nao a tentar defender a aplicacao de uma lei - que vao mudar a sociedade, quando o passado nos diz que essa lei e fraca. Uma das fontes da lei e o costume, e ja sabemos que as estatisticas em Portugal suportam o facto de que o aborto em Portugal e vulgar. O melhor que Portugal pode fazer e regular esses abortos, dando dignidade, condicoes de higiene e saude as pessoas visadas.

 
At Friday, February 09, 2007 , Blogger Gonçalo said...

O comentário que farei de seguida espero que seja entendido como uma opinião democrática e respeitadora das diversas opiniões, portanto também espero que respeitem a minha opinião.

Vou contra-argumentar algumas posições que tomaste no texto, as quais naturalmente discordo, como defensor do NÃO.

"Sem querer desresponsabilizar a pessoa que toma tal decisão, é óbvio que não se pretende estimular o aborto como prática de planeamento familiar."
Claro que não será essa a intenção mas com o SIM seremos coniventes com a possibilidade de existir aborto por falta de informação ou inconsciência na tomada de decisões, pagando esses actos com o preço da vida, o que na minha opinião é inaceitável.

"Pelo contrário, uma legislação que enquadre e permita o acompanhamento mais próximo das pessoas, pode favorecer práticas seguras de planeamento familiar."
A alteração da lei do Aborto não alterará por si só o maior acompanhamento através do Planeamento Familiar, se este não tem resultados positivos actualmente, não será uma lei que alterará mentalidades e implementará novos planos para a Saúde da Mulher e Família. E de facto, o problema passa muito pelo défice no Planeamento Familiar, envolvendo diversas instituições, diversos profissionais de saúde e diferentes populações-alvo.

"As associações não governamentais, nomeadamente a Associação para o Planeamento da Família (APF), fazem um trabalho excelente na área da divulgação e aconselhamento"
Não concordo pelas razões que apontei em cima e por experiência própria nas instituições de saúde onde passei como estagiário.

"Dizer sim à despenalização não é defender a morte assistida, mas sim enquadrar situações já existentes, permitir o seguimento adequado e evitar o abandono, os maus tratos e outros tipos de negligência às quais muitas crianças são sujeitas."
Para enquandrar as situações indesejadas, em vez de acenarmos com a possibilidade do Aborto, deveriamos pedir um país mais desenvolvido ao nivel da Prevenção Primária e com uma estrutura de apoio social que permita adequar a educação das crianças considerando as necessidades socio-económicas. Invista-se mais na lei da adopção e na criação de instituições de solidariedade social que permitam o crescimento e desenvolvimento da vida humana.

No próximo Domingo o meu voto é NÃO, e independentemente das posições, espero que o voto dos portugueses seja uma realidade presente na sua maioria e de forma consciente.

Bom fim-de-semana e beijinhos grandes para ti;)

 

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