Miopia do Futuro (Damásio)

Há quem viva o agora como se não vislumbrasse futuro, como se nada fosse perene, como se o impulso fosse inadiável, como se uma compulsão para a acção dominasse por completo a razão e a emoção – há quem lhe chame miopia do futuro; “afecção” que impede o indivíduo de perspectivar o depois, o que supostamente viria a acontecer.

Outros parecem ter uma enorme capacidade de abdicar daquilo que desejam; enquadrados que vivem nas convenções sociais; são então capazes de viver uma vida inteira sem nunca alcançarem o “objecto” de desejo.

A louca corrida incansável de quem é incapaz de deixar para mais tarde, na busca incessante da satisfação, que não é plena, já que não chega a ser saboreada, em grande medida, devido à dependência que gera, pode desencadear comportamentos excessivos, de alto risco, já que, o futuro não é perspectivado… então, tudo é possível!

Na sabedoria popular, diz-se que no meio é que está a virtude ;)

“Só voa quem se atreve a fazê-lo!” (Zorbas in Sepúlveda)

As férias proporcionam-nos momentos de reflexão em que podemos debruçar-nos sobre nós, sobre os outros, sobre o mundo.

Numa realidade fantasiada, mas repleta de humanidade, é possível perceber como podemos aceitar e amar a diferença, já que é bem mais fácil apreciar aqueles que são semelhantes a nós; o verdadeiro desafio consiste em respeitar e aceitar outras formas de estar/ser, uma vez que nos orientamos pela nossa “grelha de análise”, pessoal e que nos dá um olhar muito próprio sobre o mundo. Mas tudo isto, só é possível se desejarmos efectivamente fazê-lo, se sentirmos que tal poderá fazer de nós melhores pessoas.